Seja como for, cá estou eu de novo, e nem tenho nada muito estruturado pra dizer. Mas se você está lendo isto aqui não está mesmo esperando nada bem escrito, então estamos nos entendendo.
Eu comecei um trabalho terapeutico dos mais tradicionais. Sim, daqueles em que você fica dentro de uma sala junto com outra pessoa cujo nome você mal sabe e o objetivo é lembrar e contar o maior número de podres sobre si mesmo por minuto. Com obstáculos. Ah sim, muitos obstáculos. E tem direito a divã e um olhar piedoso de brinde no final da consulta.
Bom, já é possível notar que o progresso é lento. BEM lento. É como a velocidade de translação de plutão, divida por cinco. Cinco mesmo, pois esse é mais ou menos o número de sessões que eu tive até agora. Porém, não se engane. Não significa que não fez diferença. Na verdade, a diferença já é BRUTAL, no seu sentido mais pesado e cruel. O que demora é essa mudança poder ser notada e aplicada. Em termos não tão técnicos, estou sendo atingida por coisas que eu (meio que) já sabia com a força de uma patada de elefante, mas ainda estou longe de saber o que fazer com isso. E a sensação de se ter coisas que você reprimiu por tanto tempo coabitando a mesma mente que você usa para fazer compras é simplesmente DESESPERADORA.
Não sei se quero rir ou chorar, na maioria das vezes. Meus problemas parecem ainda mais patéticos quando proferidos em voz alta. Ao mesmo tempo, vão ganhando uma densidade que eu dificilmente perceberia antes, vão se tornando mais e mais difíceis de ignorar. O verdadeiro desafio em não reconhecer seus próprios melindres como medos dignos de um ser humano é justamente se assumir como tal. Mas se não sou um ser humano, por que preciso de terapia?
Basicamente, vivo em um dilema constante em forma de ciclo vicioso. Me acho uma idiota inferior a todos os seres pensantes >> acho uma idiotice ter problemas desse tipo >> me acho mais idiota justamente por pensar que sou uma idiota. Será que estou me fazendo entender? Mas a parte verdadeiramente assustadora é perceber que nada disso importa. Não importa que eu saiba por A + B que não sou nem física nem mentalmente inferior a ninguém. No fim, o meu pensamento mais puro e simples é constituído da idéia de que eu não mereço nem as sobras do universo. E eu não sei por quê. E eu não sei como fazer para derrubar uma estrutura de mais de vinte anos e contruir outra diferente em menos de dez. E eu me sinto fraca, impotente e sozinha. E o que eu consigo fazer ao pensar nisso, por enquanto, é chorar. Apenas chorar. Incessantemente. Incontrolavelmente. Desesperadamente.
Eu preciso de ajuda.
Au revoir.