domingo, 22 de março de 2009

Jogo da vida.

"Você está acostumada a perder, né?"
Foi o que me disseram hoje. Acho que perder é algo com o que a gente jamais deveria se acostumar. Mas na verdade, eu devo admitir que perdi poucas coisas na minhas vida. A maioria, eu nem tive a coragem de tentar buscar. É disso que eu tenho tanta vergonha. Vergonha de admitir que eu tenho vergonha de viver.
Isso é algo tão ridículo que a maioria das pessoas nem deve conseguir imaginar como é. Nem eu consigo entender direito como funciona. Por alguma razão, eu me convenci há muito tempo que, sei lá, não tinha direito a nada por ser inferior. Não sem antes, é claro, me convencer de eu era mesmo inferior. De uns tempos pra cá eu aprendi a pensar, digamos assim, e aprendi com a política comunista e com John Locke (calma, eu sei que de comunista, Locke não tinha nada) de que todos os seres humanos são iguais e detêm os mesmos direitos como tais. Ótimo, então eu não sou inferior a ninguém e posso fazer tanto quanto qualquer um pode. Mas, espera aí, eu NÃO sou comunista, com os diabos! Nem mesmo sei o QUE esse john Locke pode me dizer para provar a tal teoria da Tábula Rasa. Porque então eu deveria acreditar, de verdade, que NÃO sou inferior a ninguém e que na verdade sou eu mesma que me coloco nesta posição? E é aí que a história fica mais triste. Porque ninguém me disse, eu vi acontecer. Diante dos meus olhos. Milhares de exemplares humanos se transformando bem na minha frente.
Sabe aquela história da fé? De que se você acredita com força, seu desejo se realiza? É a mais pura verdade e eu demorei pra perceber. Não significa que se você acreditar com vontade o teu deus vem te recompensar no fim da vida. Nem que se você ficar esperando ao pé da cama o coelhinho da páscoa vai te trazer um ovão do tipo que você quiser. Nada disso. Significa que se você acreditar em SI MESMO, vai fazer acontecer. Vai trabalhar por isso sem ter medo do fracasso nem desanimar por causa dele. E a parte mais legal é que você trabalha tanto que nem vai se dar conta do seu esforço no final.
E essa premissa vale pra absolutamente qualquer parte da sua vida. É incrível. Parece mesmo um tipo de sorte a que somente alguns agraciados têm acesso. Dá a impressão de ser injusto, mas não é. Depois que você descobre isso, é fácil entender até mesmo porque é impossível que alguém ame uma pessoa que não se ama. Quem não se ama faz uma espécie de "propaganda negativa" de si mesmo, mesmo que não perceba. Quem não acredita que vá conseguir alguma coisa desiste antes de tentar. E se tentar, vai fracassar da primeira vez só pra poder dizer "eu sabia que não conseguiria" no final. Pode parecer apenas uma palhaçada auto-piedosa (e é), mas no fundo, é mais que isso. É mais do que um sentimento patético de impotência. Eu não sei explicar e não posso provar. Mas é. TEM QUE SER.
Au revoir.

Um comentário:

Anônimo disse...

que texto diferente dos que eu costumo ler, vindo de você. achei quase otimista, veja só. espero, de verdade, que você vendo todas essas conclusões lindas às quais você chegou, você consiga mudar, aos pouquinhos, a sua maneira de pensar e veja que você não é inferior à ninguém, que você tem o mesmo direito à felicidade que qualquer outra pessoa. espero estar do seu lado quando você enxergar tudo isso, pra dizer: "viu, eu não disse que a vida não era tão ruim?" :)