quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Esconde - esconde.

(Reforma ortográfica, me erra. Grata.)

Sim, sou eu mesma. Não, eu também não acredito. Mais de 3 meses de ausência e nem um bilhetinho. Por que será que só tento escrever aqui quando algo me machuca tanto que nem sei por onde começar?
Acho que já desisti de fazer disso aqui um blog decente, mesmo que ainda tente manter um certo nível de complexidade para parecer que não sou tão tapada. Provavelmente não adianta nada, mas anyway, não vou começar a iXcReVer aXiM só pra me enturmar. Me recuso. Apesar de que essa tal reforma ortográfica apareceu numa hora muito imprópria (aliás, sou contra. A pobre trema está sendo injustiçada: quem irá dizer aos pobres estrangeiros autodidatas que "lingüiça" não se lê da mesma forma que "preguiça"? Ela nunca foi desnecessária, ao menos para fins didáticos).
Enfim, divaguei. Aqui é o espaço oficial para que a personagem por trás da mascarada exponha suas vergonhas. Ainda não entendi direito por que fiz questão de criar um blog se não ia ter coragem o suficiente para atribuir sua autoria a mim. Talvez eu simplesmente quisesse saber que nem tudo ficaria escondido, guardado nos recantos de uma mente à qual ninguém tem acesso. Talvez eu só precise ter a sensação de que qualquer um pode saber o que eu sinto, e que se ninguém me ajuda é por que ninguém se importa. Não interessa se eu não dei o endereço disso pra quase ninguém, acho que no final foi um jeito de tentar me eximir da culpa que tenho por estar sempre sozinha. Óbvio que falhei, tanto no meu pedido mudo de socorro quanto no plano de expulsão do sentimento de culpa. Nem mesmo consegui parecer inteligente e escrever um blog digno de ser lido e procurado. Mas ao menos escrevi alguma coisa, então suponho que nada tenha sido em vão. Afinal, se eu não valorizar nem mesmo as pequenas coisas pelas quais fui responsável, minha vida toda vai parecer uma panela furada.
Voltei hoje de uma viagem incrível e tinha uma novidade me esperando: alguém está me chamando para crescer. E o pânico que eu sinto cada vez que penso no que isso significa me toma de tal modo que eu mal consigo respirar.
Eu tive até hoje uma existência marcada pelos grilhões da minha própria incompetência. Me prendi por muitos anos à pessoas que não me queriam perto delas, e nesse meio tempo magoei as que realmente estavam perto de mim. Me senti (ainda me sinto) por muito tempo responsável por uma existência e uma VIDA sobre a qual não tenho qualquer poder, uma vez que ninguém pode se ajudar melhor do que você mesmo. Passei tanto tempo me sabotando de tantas maneiras que nem consigo imaginar como é apostar em si mesmo. É natural que quando eu tenha um chamado do mundo real essa situação me assuste terrivelmente.
Tenho um objetivo, e há um ano venho mantendo-o como idéia fixa: amadurecer. O primeiro passo foi o de encontrar uma faculdade, alguma coisa que me parecesse viável fazer pelo resto da vida. Soa como uma coisa grande demais quando não se viveu nem um quarto do que pessoas normais da minha idade viveram, mas se eu não estabelecesse uma meta bem definida poderia estar perdida ainda no tempo e no espaço. O próximo passo, cada vez mais visível e assustador, é ser merecedora do meu dinheiro, tão absolutamente necessário nisso que se chama de mundo adulto.
Pensando nessas e outras coisas, me peguei percebendo o quanto estou atrasada em relação às pessoas que me rodeiam. O quanto deixei minha vida permanecer parada em prol daqueles que sequer tomavam conhecimento disso, o quanto fui controlada pelo meu próprio desejo secreto e humilhante de sofrer para receber atenção. Mas quando me dou conta, a sensação de que tantos possam sentir-se penalizados por uma criatura tão patética é tão sufocante quanto a inércia que insiste em me manter parada. E me afogo, cada vez mais, no meu mundo de fantasias suicidas, ao mesmo tempo em que tento desesperadamente bater os braços e me manter na superfície da realidade.
O mundo não tem lugar para pessoas que não se bastam. E pessoas também não mantém espaços reservados para aqueles que relutam em ocupá-los. Tanto quanto eu desejo escapar à humilhação de ser tão inferior, quero me manter perto dos que são superiores, na esperança de um dia ser digna da amizade deles. Mal consigo me manter em pé, enquanto minhas pernas protestam contra o impulso de fugir, mas eu não vou mais cair. Não pretendo deixar tudo desabar como um castelo de cartas mais uma vez, depois de tanto esforço para manter as verdades ocultas até que não fossem mais verdades. Está na hora de deixar de construir o meu castelo com cartas, e passar para uma casa real, de pedra e sentimento. Para que um dia, eu aprenda a dividí-la com outra alma como eu.
Como sempre, au revoir. Por enquanto.

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