quarta-feira, 2 de abril de 2014

Livre associação para a posteridade.

É, o blog está vivo. Quer dizer, ele existe. Às vezes eu acho que vou acabar revelando-o algum dia desses. Quem sabe? Fazer isso seria a prova de que um dia eu tive um ego do tamanho do mundo, MAS consegui deixar isso pra lá. Ou não, na verdade. Enfim, a idéia era fazer sentido.
Bom, estamos em março de 2014, mês para o qual afinal a minha colação de grau estava marcada. E para a minha enorme surpresa, eu de fato consegui me formar. Sim, depois de meses de comiseração e desgaste emocional inútil, eu consegui apresentar à banca uma monografia digna de 8,0 e ser aprovada com relativa folga. As "festividades" foram na semana passada e eu ainda não acredito muito bem que aconteceram. But then again, o clima aqui em casa está tão ruim que só podem ter acontecido. Ó sim, não se enganem, eu só entro nisso aqui se preciso reclamar e os 140 caracteres do Twitter não dão conta.
Bom, faz tempo que eu penso que minha configuração familiar é uma merda. E pois é, eu sei que poderia ser beeem pior, mas não consigo evitar. Na verdade, eu não sei o que há de errado, e eu me sinto culpada só de pensar nisso, mas sabe o que acontece? Eu não gosto da minha família. Simples assim. Eu já morei fora do país, e a única pessoa de quem eu sentia falta e com quem eu conseguia conversar sempre simplesmente se foi há nove meses atrás. Vítima de um estúpido ataque cardíaco. Mas isso nem é o mais triste. Sabe o que é a pior parte? O pior foi que as pessoas que eu deveria querer por perto neste momento foram as que eu mais quis afastar. Por meses, e talvez esse sentimento ainda não tenha realmente passado, eu fiquei com ÓDIO da minha mãe, como se fosse culpa dela. Como se eu fosse uma criança estúpida e mimada. E eu sei que não faz sentido mas, de novo, é assim que eu me sinto, e negar isso não ajuda em nada. O que eu preciso é descobrir o porquê.
Vou dar um exemplo contundente do quanto eu inconscientemente odeio minha família e quero afastá-la, e do quanto me dói perceber esse tipo de coisa. Logo após a minha colação, fizemos um jantar, eu e uma outra amiga formanda, e contratamos um fotógrafo pra registrar. O fotógrafo foi bem eficiente e em menos de uma semana já enviou todos os arquivos. E o que eu percebo olhando para as fotos? Simples, que eu não tirei UM ÚNICO RETRATO SEQUER COM AQUELES QUE EU CHAMO DE MINHA FAMÍLIA. Nem unzinho. Meu deus, isso nem faz sentido! Como pode? Toda vez que eu posei para uma foto com a minha mãe, fosse na colação, fosse no jantar, fosse no baile (sim, houve também um baile!), foi para cumprir algum papel social pendente ou para agradá-la. Não importa o quanto, racionalmente, eu saiba que, se não fosse por ela me sustentando, eu não estaria naquele palco. Eu não consigo ser grata. Eu não a queria lá. Tanto que nas fotos da comemoração, eu sequer quis registrar que ela estivesse presente. E o meu irmão, você (eu) pergunta? Bom, ele DE FATO não queria estar ali. Na verdade, eu não sei com que ele se importa, mas eu sei que não é comigo. E alguém que me rejeita desse forma desde que éramos crianças, bom, vamos dizer apenas que eu aprendi a rejeitar também. Mas que família FELIZ!
Veja, eu não me sinto bem dizendo isso. Na verdade eu me odeio e quero que tudo seja mentira. Mas a cada pessoa que eu conheço que me diz que sente falta da família, eu me lembro que não sinto falta da minha. Meu baile de formatura aconteceu no sábado, e tudo que podia ter dado errado deu. Mas hey, foda-se, né? Foram só alguns milhares gastos à toa, e a decisão foi minha anyway. Pois é, mas hoje já é quinta e desde aquela festa idiota, eu e minha mãe não nos falamos. Por causa de quê? Porra, não sei. Mas é sempre assim. Algo sai errado, qualquer coisa, e nós não sabemos conversar pra resolver. Não, senhor, nós nos calamos até que um dia uma de nós cansa e começa a falar de outra coisa como se nada estivesse errado. Como sempre foi. Parece que, afinal, depois de tantos anos de "errado" deixado de lado, não restou lugar para o certo nesta relação.
Sabe o que é interessante? Eu entrei neste blog hoje querendo escrever à respeito da lenda da "friendzone", e do quanto é ridículo você exigir que alguém te dê o mesmo amor que você dedica à ela. Estou vivendo uma situação assim no momento e preciso me lembrar disso todos os dias. Ser uma bissexual "no armário" me coloca nesse tipo de situação. Ou talvez seja apenas culpa da minha histeria. O que acontece é que há alguns meses conheci uma menina linda e sozinha que terminou recentemente com o namorado e me escolheu temporariamente como muro das lamentações e companhia. E não me entenda mal, ela é incrível. Mas né, é hetero e está fugindo de relacionamentos no momento. Quando eu me percebi gostando dela, comecei a sentir uma raiva irracional ao perceber que ela não gosta de mim da mesma forma. E nem vai gostar. E nem PRECISA gostar. E eu sei o quanto é injusto me sentir mal por isso. Mas, de novo, eu me sinto.
Temos, então, duas situações distintas de ingratidão, com a minha família e com esta menina, tão linda e que me tem em tão alta conta, e que ainda assim eu rejeito porque não gosta de mim da forma como eu queria que gostasse. O que estas duas situações têm em comum? Por que eu pensei nas duas no mesmo contexto? Tá vendo como psicanálise é um negócio complicado? Aliás, fun fact: eu me esqueci totalmente do horário da análise esta semana. De novo. Care to say it again, inconsciente?

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