terça-feira, 28 de abril de 2009

Encruzilhada.

Olá pessoas. Acabei de ler isso e tive vontade de dividir com vocês. Faz tempo que eu não postava aqui textos inteligentes, não? De qualquer forma, Sebastien Faure, o autor do trecho que aqui vos apresento tentou, por meio de doze argumentos, provar a inexistência de Deus. As objeções, como vocês já podem imaginar, foram inúmeras. Uma delas eu transcrevo aqui, com a respectiva resposta dele. Deixo agora com vocês o encargo de acreditar ou não em Deus. Eu, por minha vez, não pude deixar de aplaudir o Faure.
Ah, sim! Caso você tenha interesse, aqui estão as Doze provas da inexistência de Deus.

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1ª objeção: “Deus escapa-vos!”

Dizem-me:

“O senhor não tem o direito de falar de Deus segundo a forma que o faz. O senhor não nos apresenta senão um Deus caricaturado, sistematicamente reduzido a proporções que seu cérebro abarca. Esse Deus não é nosso Deus. O nosso Deus não o pode o senhor concebê-lo, visto que lhe é superior, escapando por isso à suas faculdades intelectuais. Fique sabendo que o que é fabuloso, gigantesco para o homem mais forte e mais inteligente, é para Deus um simples jogo de crianças. Não se esqueça que a Humanidade não pode mover-se no mesmo plano que a Divindade. Não perca de vista que é tão impossível ao homem compreender a maneira como Deus procede, como os minerais imaginar como vivem os vegetais, como os vegetais conceber o desenvolvimento dos animais, e como os animais saber como vivem e operam os homens.

Deus paira a umas alturas que o senhor é incapaz de atingir ocupa montanhas inacessíveis ao senhor. Qualquer que seja o grau de desenvolvimento de uma inteligência humana; por muito importante que seja o esforço realizado por essa inteligência; seja qual for a persistência deste esforço, jamais poderá elevar-se até Deus. Lembre-se, enfim, que, por muito vasto que seja o cérebro do homem, ele é finito, não podendo, por conseqüência, conceber Deus, que é infinito.

Tenha pois a lealdade e a modéstia de confessar que não lhe é possível compreender nem explicar, não o cabe o direito de negar”.

Eu respondo aos deístas:

Dais-me conselhos de humildade que estou disposto a aceitar. Fazeis me lembrar que sou um simples mortal, o que legitimamente reconheço e não procuro olvidar-me.

Dizeis-me que Deus me ultrapassa e que o desconheço. Seja. Consinto em reconhecê-lo; afirmo mesmo que o finito não pode compreender o infinito, porque é uma verdade tão certa e tão evidente, que não está em meu ânimo fazer-lhe qualquer oposição. Vede, pois, até aqui estamos de acordo, com o que espero, ficareis muito contentes.

Somente, senhores deístas, permiti que, por meu turno, eu vos dê os mesmos conselhos de humildade, para terdes o franqueza de me responder estas perguntas: Vós não sois homens como a mim? A vós, Deus não se depara como para a mim? Esse Deus não vos escapa como a mim? Tereis vós a pretensão de moverdes no mesmo plano da divindade? Tereis igualmente a mania de pensar e a loucura de crer que, de um vôo, podereis chegar às alturas que Deus ocupa? Sereis presunçosos ao extremo de afirmar que o vosso cérebro, o vosso pensamento que é finito, possa compreender o infinito?

Não vos faço a injuria, senhores deístas, de acreditar que sustentais uma extravagância venal. Assim, pois, tende a modéstia e a lealdade de confessar que, se me é impossível compreender e explicar Deus, vós tropeçais no mesmo obstáculo. Tende, enfim, a probidade de reconhecer que, se eu não posso conceber nem explicar Deus, não o podendo, portanto, negar, a vós, como a mim, não vos é permitido concebê-lo e não tendes, por conseqüência, o direito de afirmá-lo.

Não julgueis, no entanto, que, por causa disto, ficamos na mesma situação que antes. Foste vós que, primeiramente, afirmastes a existência de Deus; deveis, pois, ser os primeiros a pôr de parte vossas afirmações. Sonharia eu, alguma vez, com negar a existência de Deus, se vós não tivésseis começado a afirmá-la? E se, quando eu era criança, não me tivessem imposto a necessidade de acreditar nele? E se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse sentido? E se, quando homem, os meus olhos não tivessem constantemente contemplado os templos elevados a esse Deus? Foram as vossas afirmações que provocaram as minhas negações.

Cessai de afirmar e eu cessarei de negar.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Velhos hábitos...

Saudações, bons e velhos e assíduos leitores, é bom vê-los de novo depois de um intervalo de menos de trinta dias para variar. Não que eu tenha nada de útil para dividir com vocês, apenas desisti de pensar que um dia eu possa ter. Passemos então às baboseiras de sempre.
Eu sou invisível. Ponto. Simples assim.
Não no sentido espectrometral da coisa. Eu sou até bem mais visível do que eu gostaria. Porém sempre tenho a sensação de estar cuidadosamente posicionada sobre um ponto cego, do qual somente as pessoas certas podem me ver. E é definitivamente um sentimento engraçado ter que viver aparecendo e desaparecendo o tempo todo como um Mister M.
E mais: posso dizer que vivo nessas condições há aproximadamente oito anos. Mais incrível ainda é saber que antes do aparecimento desse véu funesto eu até sabia o que fazer da minha vida.
O problema é que este superpoder não me serve mais de nada. Há muito eu tento encontrar o botão pra desligá-lo, mas parece que ele não veio como opcional de fábrica. Consultando uns tutoriais vida afora, descobri que há, sim, um jeito infalível de tornar meu ser visível para uma ou mais pessoas ao mesmo tempo: basta que eles ouçam a minha voz. Mas como ter certeza de que o que eles vão ouvir não vai lhes tirar a vontade de ver a origem do instrumento?
Au revoir.