sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Paixão antiga

Cá estou eu com mais um post quentinho saindo do forno. Hoje vou falar de mim. Não apenas das minhas teorias mirabolantes sobre a humanidade estudadas em lugar nenhum (e por isso, pouco dignas de crédito), mas da minha pessoa mesmo. Na verdade essa não era a minha idéia ao criar este blog, mas... quem liga? Afinal de contas, já saí tantas vezes da proposta original que sequer lembro qual era (ok, eu lembro)... E de qualquer maneira, ninguém lê isto aqui mesmo, e o melhor, porque EU quis assim! Isso não é fantástico? Eu devo ter mesmo algum tipo grave de esquizofrenia ou coisa assim... Mas não são as minhas pertubações psíquicas que vêm ao caso agora, ou talvez o assunto em questão tenha realmente tudo a ver com elas... VAMPIROS.
Antes que alguém venha me acusar de ser mais um desses jogadores nerds de rpg, eu explico: não, eu não sou um vampiro e, caramba, não quero me passar por um. Aliás, como tem gente que consegue? Quer dizer, algumas pessoas parecem acreditar MESMO que alguém bota fé neles.
Também quero esclarecer que NÃO JOGO rpg, embora meus
estudos tenham incluído uma vasta viagem pelo mundo de Vampiro - a Máscara quando comecei a me interessar pelo tema mais seriamente.
Não, o meu interesse é bem mais amplo. Já estudei vampiro de tudo quanto é forma, o que poderia ser apontado como uma clara tendência a juntar cultura inútil, mas essa é outra história. Vlad Tepes, Elizabeth Bathory, Bela Lugosi, Caim, Lestat, Lamias, Ekiminus, já ouvi falar de todos esses e muitos outros. Durante muito tempo, eu me reconheci no espelho c
omo aquela que era simplesmente fissurada pelas criaturas e pelas lendas, pelos filmes e pela literatura.
Tudo começou com um sonho pós-filme. É isso aí, eu era apenas uma criancinha de 8 anos que não conseguia dormir depois de um filme de terror. Pensando agora, acho que eu deveria ser capaz de me lembrar de que filme se tratava. O fato é que estava dormindo (ou tentando) com a porta do meu quarto entreaberta poucos centímetros e a luz do corredor acesa, quando vi (ou tive a impressão de ver, melhor dizendo) um vulto de capa passando pela porta. Desnecessário dizer que fiquei apavorada. Apesar do medo, me levantei e fui corajosamente procurar o tal vampiro. Obviamente não achei ninguém, e ao que parecia, todos da casa já dormiam. O engraçado é que, passado o medo, eu senti uma enorme fascinação por aquela figura que parecia saída do filme apenas para me
assustar no conforto do meu lar.
E então, voilà! A paixão havia nascido, e com ela o meu vício por filmes B. Mas eu não consegui me contentar apenas com filmes ou livros de ficção. Afinal, eles eram reais, não é? De onde surgem as lendas senão para explicar a verdade?
Na minha mente eles existiam. Silenciosamente, embaixo de cada sombra no parque. Afinal, porque não seriam reais? Não queriam mesmo que soubéssemos que estão entre nós, seriam como "os lobos se delatando diante das ovelhas". Então comecei a verdadeira pesquisa.
Aparições. Personalidades. Assassinatos suspeitos. E quanto mais eu pesquisava, mais me decepcionava. Era claro que não estavam lá. Não estavam em lugar nenhum.
Mas não foi o suficiente para me deter. Fui atrás das lendas, lugares, religiões. Mais precisamente ainda, fui atrás do porquê.
Porque teriam simplesmente inventado a minha obsessão? O que estavam querendo provar, o que necessitava de explicação? Acredite se quiser, cheguei a estudar tipos de solos e as condições climáticas e químicas para a total decomposição de um corpo humano.
Cheguei à conclusões, como sempre, enfadonhas e indignas de tanta riqueza. Corpos preservados. Seqüestros muito humanos. Mortes comuns, em condições incomuns.
Preferi ficar com o mito. Não importa como tenha nascido, nem como sobreviveu até hoje (você acha mesmo que Bram Stoker e Anne Rice são os principais culpados? Eu diria que está perdendo a melhor parte), vai ficar comigo até que eu morra. Gravado na minha alma (e, em breve, na minha pele também). Na lembrança do que construiu o que eu sou. Naquilo que não nos permite esquecer de onde viemos.
Au revoir.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Do que não há.

"Acordou lenta e lucidamente. Devagar, levantou-se e ajustou sua visão. O primeiro pensamento que formou-se em sua cabeça é de que não sabia onde estava. Como fora parar lá, e porquê?
Só sabia que aquele não era um lugar comum, nem parecido com qualquer que ele conhecia. Nem mesmo tinha certeza de que aquele era um LUGAR.
Olhou para as próprias mãos. Conseguia enxergá-las, assim como a seus pés e braços, mas não podia ver mais nada a um palmo de seu nariz, se é que havia algo a ser visto. Onde estava era claro, tão claro que poderia ofuscar a visão, se a razão dessa clareza fosse a luz. Mas ali não havia luz, assim como não havia sombras, nem de seu próprio corpo contra o chão. Se é que havia chão: não sabia dizer qual era a sensação sob seus pés, nem onde seria a divisão entre o solo e o ambiente. Ali, nada fazia sentido; ali, só existia o nada.
Correu o máximo que pôde, em busca de ajuda, em busca de respostas. Correu para o nada, correu em todas as direções. Apenas mais nada, mais desolação. Não podia nem mesmo sentir nada, seu corpo parecia oco e vazio. Não tinha fome, nem frio, nem sede, nem desejo algum. Desejo. Só o que sabia é que não queria ficar ali, enquanto era capaz de querer alguma coisa.
Aquilo era real? Existia mesmo um lugar perfeito, feito de nada?
Tentou falar. Sua voz saiu estranha, etérea, desconhecida. Mas não havia eco. O som se propagou perfeitamente. Mas o que iria dizer? Com quem iria conversar?
Que fizera para ficar sozinho? Será que estava mesmo vivo?
Vivo.
Enfim, compreendeu. Ali não era a terra, nem tampouco o céu, e ele não estava nem vivo nem morto. Tudo em que acreditara estava errado. Aquela não era a danação eterna de que ouvira falar, de demônios e seus caldeirões num mar de fogo. Mas a punição existia, com ou sem um juiz, com ou sem morte. Descobriu, enfim, que estava no Inferno."

Um conto tosco e sem noção, obviamente de minha autoria, ou os créditos estariam aí. Nem tente entender, apareceu na minha mente de repente. E ao contrário do que se possa deduzir sobre meu estado de espírito, hoje estou muito feliz. Este foi apenas um texto inútil para atualizar um blog inútil.
Au revoir.