terça-feira, 30 de novembro de 2010

Olá você, que há tanto eu não via. Sim, depois de dois meses, eis que estou de volta. Fico pensando quanto vai demorar pra eu parar de escrever de vez. Talvez no dia em que eu evoluir de fato. Quem sabe?
O interessante é que hoje eu fiquei com vontade de escrever depois de ler algumas postagens antigas e perceber o quanto eu mudei de lá pra cá, ainda que isso não signifique muito, sabe? Nunca esse blog me pareceu TÃO infantil antes. Claro, eu sempre soube que era uma atitude um tanto babaca ter um blog anônimo a que ninguém (ou quase ninguém) teria acesso, mas ainda assim aqui está ele, não é?
Não sei, de repente eu vejo coisas com mais clareza, ou assim me parece. Sempre escrevo com a propriedade de quem mais sofre no mundo e que por isso mesmo entende de muita coisa, mais do que os meros mortais que não sofrem como eu. Quer dizer, como é que eu nunca notei o quão ridículo isso parece?? A vítima escrevendo para o mundo que a escravisou e dizendo-lhe que o perdoa. Meu deus. Me ajudem a não escrever assim nunca mais, por favor. Dá até vontade de excluir isso aqui, o que não seria de todo má idéia. Mas vou deixar, por que afinal está cumprindo o papel que teve desde o início: deixar registrado, ainda que para todo o mundo virtual ver, as minhas mudanças de opinião e a possível evolução que eu viesse a sofrer durante esse meio tempo. Bom, parece que enfim dei um primeiro passo. Espero que da próxima vez que passar por aqui tenha algo mais interessante para escrever.
PS: Acho que eu me decidi: psicanálise it is (clichê, eu sei... mas não a toa...)
PS²: E aquele post em que eu escrevi que nunca tive adolecência? Pfff... Do jeito que ajo, não tive mesmo, ainda tenho...=P
Au revoir.

sábado, 4 de setembro de 2010

The world forgetting, by the world forgot...

Esta é uma frase que tem muito a ver com o momento pelo qual estou passando. Na verdade, resume a minha vida, de certa maneira, mas estou tomando verdadeira consciência disso agora. Pode ter os mais diversos significados e interpretações dependendo de onde estiver a minha mente, mas sempre se encaixa.
Veja bem, eu sei que chegar à conclusão de que alguém anti-social o é por escolha parece óbvia. Ou talvez não. Eu sei que eu mesma já devo ter escrito por aqui que tenho consciência do meu comportamento afastar as pessoas. É claro que eu tenho. Mas não tenho. Sou passiva perante a vida. E ao mesmo tempo não sou. É, acho que esse post vai ficar muito complicado de sair. Até porque ainda estou bastante confusa. Mas vejamos se consigo me explicar.
Sempre fui uma pessoa sem muito trato social, e por vários motivos ocorridos aqui e acolá, essa (falta de) habilidade só foi se intensificando no decorrer da vida. Concluí, já há bastante tempo, que o meu incessante sofrimento se devia, portanto, ao fato de eu não SABER lidar com as pessoas, e de certa maneira, andei me acostumando com a idéia de que não iria aprender tão cedo. Até aí, ok. Nada diferente do discurso que tenho no blog até então. Mas não faz muito, descobri uma nova e masoquista característica minha: não apenas eu não SEI me aproximar das pessoas, eu também não QUERO. What? "Tá reclamando do que então?", você com toda razão me questiona. Bom, mais do que nunca eu sei que é uma escolha minha me isolar, mas saber disso não exclui um conhecimento que eu já tenho desde que me entendo por gente: eu sofro por causa disso. E é aí que está o elemento masoquista. Afinal, o que é que eu tanto quero com uma coisa que me faz sofrer? Tudo isso é medo? Acomodação? Preguiça? Eu não tenho certeza, mas tente não me julgar muito severamente. Por mais óbvio que agora pareça, eu nunca pensei que esse meu comportamento era uma escolha. Quer dizer, como pode?! Por que sempre insisto em afastar todos que se aproximam, mesmo sabendo que vou sofrer com isso? Querendo e rejeitando ao mesmo tempo a idéia de qualquer intimidade? Percebe como isso é doloroso pra mim? Perceber que essa minha inércia não está apenas calcada na minha insegurança, mas na minha vontade? Mas se é assim, por que então eu não paro de sofrer, se sofro por que quero? Faz algum sentido? Eu sei que não.
Não garanto que este post vá continuar aqui por muito tempo, visto que eu não expliquei nada e que quem quer que o leia ou não vai entender ou vai me chamar de ridícula. Tanto faz. O que importa é deixar registrado aqui essa nova fase das minhas reminiscências. E quem sabe, da próxima vez, eu consiga me fazer um tantinho mais clara. Tanto pra mim, quanto para o mundo.
Au revoir.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Era menina triste, tanto quanto se lembrava. Quer dizer, fora uma criança engraçada, mais parada que em movimento, sempre à procura de gente mais velha, ansiosa por mostrar os dotes que julgava que os pequenos não podiam ver. Cresceu assim, julgando os semelhantes à sua volta, desejando contínuas vezes um lugar que não era seu. Não era seu. Até perceber isso, experimentou intensamente o sabor de uma dolorosa ignorância.
Soube então que o que buscava, o fazia no lugar errado. Admitiu, então, o seu pecado e foi-se aventurar em outras paragens. Não foi, porém, bem recebida em território tão inóspito quanto estupendo. Os semelhantes neste lugar não eram seus como aparentavam, e a culpavam de não ser alguém que devia ser.
Descobriu dessa forma que quem era, era de maneira errada. Envergonhada dos novos erros cometidos, seguiu então para a viagem que a faria descobrir quem era e, desse modo, a guiaria para onde deveria ficar. Dessa vez, receosa de cometer novos enganos, limitou-se a observar como deveriam se comportar as pessoas do novo lugar. Não participando do cenário proposto, viu-se perdendo tempo e experiência. Do que devia fazer, fazia sempre o inverso, não importando o número de tentativas.
Que faz agora a menina triste? Quantas vezes mais terá que escutar que não pertence àquele lugar ou não se parece com quem deveria? Terá ela mesma que inventar o foguete que a tirará desta situação e finalmente a levará a seu planeta de origem? Ou deverá viver e morrer como a pária que nasceu para ser?

Ê saudade que me corrói a alma, da qual não tento nem consigo me livrar... Se é lembrado valeu a pena, mas também não volta mais... Que me deixem com minhas memórias inúteis, quem sabe se um dia novas se poderão construir.
Au revoir.

domingo, 11 de julho de 2010

It seems I'll just keep writing...

...'cus that's what's left for me, I guess.

Será que eu conseguiria? Quer dizer, eu realmente acho que eu não teria sequer paciência para ensinar um bando de crianças normais, o que me faz pensar que eu gostaria de ensinar as especiais? Eu não faço a menor idéia do que eu quero da vida e isso é quase tão angustiante quanto não saber que curso tentar no vestibular. Desta vez, no entanto, eu sei o que quero. Eu gosto de psicologia. Inclusive, gosto tanto que não sei por qual das linhas teóricas me decidir. Nenhuma me parece inaceitável. Por sua vez, nenhuma me parece irrefutável. O que fazer? Será que eu simplesmente não sou capaz de lidar com o que não foi cientificamente provado? Será que eu não seria capaz de confiar em nenhuma delas? Ou é em mim que eu não consigo confiar? Será que eu posso tratar a mente de alguém sem uma teoria séria e, principalmente, rígida por trás? Eu consigo? Mas então, como posso saber com qual delas eu me dou melhor, com qual eu realmente me encaixo? Eu não leio, puxa vida! Às vezes eu acho que este notebook foi a pior coisa que eu já comprei, porque afinal de contas, não me deixa tempo pra mais nada. Não que seja dele a culpa que é inteiramente minha. Mas eu simplesmente me deixo distrair a todo momento, nunca tenho ânimo pra finalmente começar a estudar com afinco, pois sempre tenho “mais o que fazer”. Well, guess what, eu nunca tenho. A internet é um saco, nunca tem ninguém no twitter, eu não agüento MSN já há muito tempo e... é isso, nunca tenho o que fazer. Então por que, ainda assim, eu nunca faço o que tenho que fazer para ficar fazendo NADA no computador?? Essa resposta eu ainda não tenho. E parece que ainda vai demorar pra consegui-la. Mas eu espero que não demore tanto assim. Afinal, eu tenho 22 anos e ainda não completei absolutamente nada, minha vida toda. E, uma hora ou outra, a gente tem que crescer. Bom, pelo menos é o que todos dizem.

Mas vamos pensar direito. Com qual das linhas eu acho que me daria melhor? Ultimamente, comecei a pensar muito em Gestalt. Seria ótimo, afinal é com ela que se aplica o psicodrama. Entretanto, eu sempre fico imaginando se a falta de, digamos, rigor científico me deixaria com um pé atrás. Ou dois. Ou, por que não o excesso de “amor” da teoria. Quer dizer, eu não sou capaz de aceitar qualquer um que entre no meu consultório. Um cara que já estuprou 20 mulheres entra no meu consultório dizendo que quer se tratar por uma erotomania, ou ninfomania, seja lá qual for o nome do transtorno. Eu conseguiria simplesmente acolher, AMAR um sujeito desses?? Nunca, antes eu teria medo dele e ficaria com calafrios por ter que ficar sozinha no mesmo ambiente que um cara desses. Ou pior, teria raiva ou até mesmo nojo dele. Bom candidato à cliente, não?

Mas, quem sabe a sócio-histórica? Mas com ela, voltamos à velha questão das crianças especiais. Sabe, esse assunto realmente mexe comigo. Em documentários, textos, fotos. Mas vida real? Encare, eu mal consigo lidar com crianças! Imagine então uma que não enxerga, ou não ouve, ou, pelo amor de deus, os dois! Eu nunca quis ser professora, NUNCA! Nunca tive tal ambição. E no entanto, é no que mais eu tenho pensado nos últimos dias. Nem mesmo meu pai achou uma boa idéia que eu virasse uma professora especial. Pra minha mãe, melhor nem perguntar. Ela acha que eu não consigo lidar com ninguém, ao que parece. “Você vai se encher com essas pessoas, vão te dar tédio! Você não vai conseguir!” Aliás, parece que é só o que ela sabe dizer a respeito de tudo que eu faço. Mas este é um outro assunto. Seja como for, não sei bem o que fazer. Eu tenho certeza que não daria certo. Eu não quero nem mesmo ter filhos! Mas quem se importa? Quem se importará? Eu não quero mais ficar indiferente, mas algo me diz que se você não entra de cabeça numa coisa dessas você não entra nunca mais. Mas eu realmente acho que eu não consigo.

Com crianças especiais ou não, o que eu queria mesmo saber é como ocorre o desenvolvimento de tudo. Como nos tornamos humanos. A antropologia da coisa. Eu realmente gosto disso, e concordo com tudo que a teoria sócio-histórica tem a dizer a esse respeito. Quer dizer, é a que mais fala sobre isso. Nenhuma outra gasta tanto tempo tentando explicar por que somos o que somos. E essa é mesmo a parte que eu mais gosto. Mas, e daí? Com que eu posso trabalhar na sócio-histórica? Eu só vejo salas de aula no meu caminho. É possível clinicar? Tipo, normalmente, sem que para isso eu precise atender pacientes de favela num posto de saúde perigoso? Eu PRECISO ser marxista, ou no mínimo COMUNISTA para tanto? Por que comunistas não comem criancinhas, mas eu me sentiria extremamente hipócrita dizendo que sou uma, quando na verdade... bom, olha pra mim. Posso não ser uma “material girl”, ou não totalmente, mas não sou nem um pouco comunista. Eu não luto pela igualdade social, não faço nada para mudar o mundo, embora sinta essas dores. Talvez por isso mesmo queira afinal deixar essa posição egoísta e começar a realmente FAZER alguma coisa pelos que precisam. Mas eu tenho preguiça. Preguiça de tudo. QUEM sou eu para tentar mudar o mundo? Eu NÃO quero deixar de comer carne. Eu NÃO quero que todos tenhamos que usar o mesmo macacão azul porque a moda é apenas um modo de incentivar o consumo. Eu gosto de me expressar com roupas, ao menos de vez em quando. Eu gosto de jantar em churrascarias caras às vezes. O que eu queria é que todos tivessem esse direito, mas será que é possível? Por que se não for, eu não estou certa de que possa abdicar de certos prazeres. Pelo menos, não ainda. It seems I’m still my good old egoistic self… And, as always, I still DON’T like it al all.

Au revoir.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Aos que não têm voz.

Por que eu estou cansada de só pensar no que me diz respeito, e por que sempre sinto falta de quem pense em mim também. Egoísmo só gera mais egoísmo. Quem é você para julgar? Uma vez na sua vida, pense por si mesmo, não por meio de todos os preconceitos que te fizeram engolir desde a infância. Pense direito, porque você seria melhor do que eles?

***

Eu sou uma garota posta para fora de casa porque disse a minha mãe que sou lésbica. Eu sou a prostituta trabalhando nas ruas porque ninguém contratará uma mulher transexual. Eu sou uma irmã que abraça apertado seu irmão gay nas dolorosas noites cheias de lágrimas. Nós somos os pais que enterramos nossa filha muito antes da hora. Eu sou um homem que morreu sozinho no hospital porque não permitiriam que meu parceiro há 27 anos ficasse no quarto. Eu sou a criança adotada que acorda com pesadelos de ser levado de seus dois pais que são a única família amável que ele já teve. Eu desejaria que eles pudessem me adotar. Eu sou um dos sortudos, eu creio. Eu sobrevivi ao ataque que me deixou em coma por 3 semanas, e no ano que vem eu provavelmente voltarei a andar novamente. Eu não sou um dos sortudos. Eu me matei algumas semanas antes de me formar. Era simplesmente demais para suportar. Nós somos o casal cuja locatária desistiu quando percebeu que queríamos alugar um quarto e sala para dois homens. Eu sou a pessoa que nunca sabe que banheiro deveria usar se não quiser ter problemas com a gerência. Eu sou a mãe que não tem permissão para visitar as crianças que pariu, nutriu e criou. A corte diz que eu sou uma mãe inadequada porque agora vivo com outra mulher. Eu sou a sobrevivente da violência doméstica que descobre repentinamente que o sistema não admite que sofri abuso de minha companheira. Eu sou o sobrevivente da violência doméstica que não tem a quem recorrer porque eu sou um homem. Eu sou o pai que nunca abraçou seu filho porque cresceu com medo de demonstrar afeição por outros homens. Eu sou a professora de economia doméstica que sempre desejou ensinar ginástica até que alguém lhe disse que apenas lésbicas fazem isto. Eu sou o homem que morreu tão logo os paramédicos compreenderam que eu era transexual. Eu sou uma pessoa que sente culpa porque acredita que poderia ser muito melhor se não tivesse sempre que lidar com a sociedade me odiando. Eu sou o homem que parou de freqüentar a igreja não porque me tornei descrente, mas porque eles fecham as portas aos meus irmãos. Eu sou a pessoa que tem que esconder que o que este mundo mais precisa é de amor. Eu sou o cara que tem medo de dizer aos seus amáveis pais cristãos que ama outro homem.

Esse texto é de propriedade intelectual de Marcus Machado, todos os direitos reservados.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu sou egoísta. Todo ser humano invariavelmente é. Só se preocupa com seu próprio umbigo e só se mexe para mudar o que lhe diz respeito.
Bom, eu odeio isso. Odeio toda essa indiferença, odeio o fato de ninguém se interessar no que "não é da própria conta". Por que as pessoas só pensam em aprender Libras se alguém próximo é ou fica surdo? Por que só assim elas pensam em fazer alguma coisa a respeito da exclusão para com eles? Por que quando eu tento puxar um assunto importante como esse as pessoas agem como se eu fosse uma pessoa pedante e estivessem entediadas? O meu grande e revoltado "vai tomar no cú" para esse bando de nazistas da humanidade.
Nós somos humanos, porra!! Por que não podemos agir como tal? Por que a lei da selva ainda rege a nossa vida?? Por que os menos adaptados não têm direito à vida? Pra que serve a nossa inteligencia se nem nos damos o trabalho de tentar ajudar os menos favorecidos do que nós? Seria melhor que voltássemos pra selva! Até MACACOS são mais solidários do que nós!! Como é possível? Será que a nossa evolução foi também responsável por uma irreversível involução?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aborrecência em crise.

Acreditem ou não, eu já voltei. E dessa vez, sem tantas delongas já que realmente tenho algo que quero escrever hoje. E vamos a isso, antes que a idéia se perca.
Veja você que coisa engraçada, pois que em 21 anos de sofrida autocomiseração eu me vejo tendo um pensamento inusitado: eu nunca tive adolescência. Ou pelo menos nunca me senti tendo uma. Explico: não é tanto pela minha falta de amigos ou festas para as quais nunca fui convidada, e sim pela minha falta de rompantes bruscos com a realidade. Não expliquei nada? Veja bem, é que é difícil mesmo. Mas a questão é que quando me deparo com relatos adolescentes de qualquer espécie, sejam eles atuais ou de anos atrás, tenho pouco com que me identificar neles. E isso seria algo de se esperar, considerando que já não sou mais tão jovem, mas não me lembro de já ter sido um dia, e é essa a minha preocupação. Parece que já entrei na idade adulta pensando como uma velha de 60 anos, porém sem um terço da sabedoria, só com a falta de viço característica.
Meus diários de 15 anos (se eu já tivesse escrito algum; minhas idéias sempre se perderam por cadernos escolares e desenhos amarrotados pelo quarto) nunca tiveram CERTEZA de nada, algo que me parece um sentimento tão comum, embora paradoxal, nos adolescentes. Porque sim, estão todos mudando de idéia com a velocidade de um cavalo de corrida esbaforido, porém com cada nova negação da idéia anterior vem também uma renovada e inabalável certeza: eu penso, eu sei, eu sou. Eu não faço idéia do que sou, mas eu sou. Pelo menos é como interpreto suas palavras sempre tão indolentes.
Não digo, pelo contrário, que nunca tive meus momentos. Mas as poucas certeza que cheguei a ter nessa fase continuam me acompanhando até hoje, com raras exceções e mudanças de contexto aqui e ali. E, na verdade, isso é o que mais me deixa na dúvida: teria eu ainda a mentalidade infantil de uma menina de 15 anos? Ou será que nunca tive uma mentalidade assim? Às vezes chego a pensar que passei de criança à adulta muito rápido, e que foi essa transição repentina que me impediu de continuar crescendo normalmente desde então. Passei de criança triste a adulto precoce e adulto precoce continuo desde então, com pouco acrescido ou desenvolvido, embora já devesse estar quase saindo de casa nas atuais circunstâncias. Um adulto que sabe o que fazer, mas pouco ou nada sabe sobre como entrar em ação. Em resumo, um adulto torto que ainda vive como um adolescente, mesmo sem pensar como um. Sei que não faz nenhum sentido, mas sempre soube que meu sofrimento não era o maior do mundo, embora a dor de uma criança que morre de fome na África nunca parecesse maior ou mais importante do que a minha por não ter um namorado e minha amiga ter arrumado um, aqui e agora. Óbvio que este é um exemplo banal e até estúpido, pois ninguém em sã consciência faria uma comparação dessas. Mas outro mais interessante é eu ser a única da minha turma a perceber, aos 13 anos de idade (nem sei se tinha tudo isso) que o professor não estava protegendo as alunas do outro grupo de seminários simplesmente porque não tinha tempo para se preocupar com esse tipo de picuinha. Mas não acho necessariamente que fosse esperta para a idade ou mais inteligente que a média. Gosto de pensar que sim, mas se assim fosse, meu eu de 9 anos atrás estaria muito decepcionada em constatar que adulta fajuta ela viria a se tornar. Não, acho simplesmente que, por alguma razão, acontecimentos relativamente banais me fizeram passar por um sofrimento maior do que o que deveria ser suportado por crianças daquela idade. E me fizeram perceber que não, adultos não estão interessados no que as crianças pensam. Negue se quiser, você sabe que é verdade. Não importa o quanto você se julgue conectado à sua "criança interior", você não sabe e nem muito menos quer saber o que as crianças de hoje pensam. Ou talvez não. Talvez o que você saiba mesmo é que tudo que eu escrevi aqui é o mais fino da bosta e que você se preocupa sim com tudo que o seu filho, irmão ou sobrinho de 7 anos sofre ou deixa de sofrer. E eu espero, sinceramente, que você esteja entre os indignados do segundo caso e que nunca faça uma criança crescer cedo demais por falta de interesse sincero e diálogo sem meias verdades. Eu não terei filhos por que sei que não tenho essa habilidade. Mas se você os teve, tenha a decência de desenvolvê-la.
À propósito, se preocupar com o que uma criança pensa não é saber se ela está indo bem na escola ou se ela não esqueceu de levar a merenda, ou o casaco. Mas tudo isso é parte do pacote.
Au revoir.

sábado, 8 de maio de 2010

Something else to breath for...

...everyday is exactly the same everyday is exactly the same there is no love here and there is no pain everyday is exactly the same...
Olá, Blogger. Acho que já não faz mais sentido cumprimentar leitores, mesmo os inexistentes, uma vez que mesmo esses devem ter desistido de encontrar alguma coisa pra ler aqui depois de um hiato tão grande. Whatever, nem sei por que ainda tenho isso aqui. Acho que eu gosto de pensar que o que eu escrevo serve pra alguma coisa. Algum dia suponho que servirá para algo além da minha auto-depreciação. Mas por enquanto, embaixo da máscara eu posso escrever o que bem entender.
Bom, cá estou eu depois da minha valiosa viagem. Sim, eu fiquei fora por um tempo, no país que chamamos "templo do capitalismo" ou do que mais queira chamá-lo. E não sei se há mesmo algo que eu já esteja preparada para dividir sobre a experiência. Pois apesar de já ter retornado há mais de um mês, ainda há muito que ser posto na balança. Na verdade, acho que só estou aqui hoje mais por um senso de obrigação do que real vontade de escrever. E quem sabe para fazer algo diferente. Como tão bem expressa a canção do Nine inch Nails acima, não tenho tido muitos motivos pra... bom, pra nada ultimamente.
Seja porque estive longe desta dimensão por um tempo, seja porque minha vida nunca foi lá grande coisa, a verdade é que não tenho mais vontade de continuar dessa forma. Bom, melhor dizendo, quero aprender a mudar a minha realidade. Porque... meio que desisti de dizer que vou acabar com tudo se não tenho nem coragem de ficar na beira de um prédio sem ficar com vertigem e medo. Dizem que é preciso mais coragem para viver do que morrer, mas ainda não decidi se concordo com a afirmação. Coragem nunca foi minha maior virtude. Se bem que, ultimamente, alguns acontecimentos, e principalmente, algumas atitudes minhas têm mudado meus conceitos. E isso é bom. Mas ainda não sinto que algum dia vou ser alguém de quem me orgulhar. E isso é mau. O que importa mesmo é que, querendo ou não, está na hora de mudar, e fazer isso, mais um vez sozinha, é a parte mais complicada.
No fim das contas esse foi um post inútil que não vale a pena ser lido. Mais um. Mas deixe estar. Escrevi tão rápido que deve ter saído alguma terapia daqui.

Au revoir.